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A Fundação Dom Cabral (FDC), por meio do programa FDC Agroambiental , realizou entre os dias 20 e 22 de agosto de 2025 o Workshop Científico sobre Agricultura Regenerativa, reunindo mais de 60 representantes de diferentes setores — produtores rurais, empresas privadas, organizações da sociedade civil, academia e governo — para debater a criação do Índice de Agricultura Regenerativa (Ag-Reg) , peça central da estratégia nacional para acelerar a transição rumo a sistemas produtivos mais sustentáveis.
O encontro marcou um momento fundacional para o projeto Modelo de Negócio para Acelerar a Transição da Agricultura Regenerativa no Brasil, que busca articular ciência, políticas públicas, incentivos financeiros e práticas de campo em uma plataforma integrada de dados e indicadores.
O papel do Índice Ag-Reg
O Índice Ag-Reg foi concebido como espinha dorsal técnica e política do projeto. Diferente de sistemas binários de certificação, ele será uma ferramenta flexível, inclusiva e progressiva, capaz de reconhecer múltiplos estágios de transição produtiva. A proposta é que o índice funcione como um “filme” da evolução das propriedades e cadeias, permitindo qualificar trajetórias de regeneração e criar condições para reconhecimento, incentivos financeiros e acesso a mercados.
Esse índice deverá considerar indicadores diretos e indiretos de solo, biodiversidade, carbono, água, insumos e práticas de manejo. Com isso, pretende-se democratizar o acesso de diferentes perfis de produtores — de pequenos agricultores a grandes exportadores — garantindo comparabilidade, transparência e credibilidade.
Dinâmica do Workshop
A programação foi estruturada em blocos temáticos, cada um orientado por perguntas norteadoras. As discussões foram conduzidas por metodologias participativas, como World Café, painéis coletivos e dinâmicas de priorização em grupos.
Entre os temas trabalhados estiveram:
● Oportunidades da agricultura regenerativa para sustentabilidade e competitividade;
● Frameworks e métricas para avaliar ecossistemas agrícolas tropicais;
● Estratégias de transição para modelos sustentáveis, com destaque para práticas de campo e políticas de incentivo;
● Atributos e critérios que devem compor o Índice Ag-Reg;
● Formas de medição com dados já disponíveis;
● E, por fim, como aplicar o índice na prática, considerando os usos por produtores, empresas, governos e mercados.
As discussões apontaram forte convergência em torno de três pilares estratégicos:
1. Base produtiva regenerativa – com práticas de solo, insumos biológicos e sistemas integrados (ILPF, policultivos);
2. Governança e transparência – com rastreabilidade, auditoria e padronização de indicadores;
3. Rede de atores e capacitação – fortalecendo a colaboração entre ciência, produtores, empresas e governo.
Resultados Obtidos do Workshop
O workshop proporcionou um espaço rico de troca de experiências e construção coletiva. Entre os principais resultados alcançados destacam-se:
● Convergência conceitual: os participantes reconheceram a agricultura regenerativa como vetor de competitividade, sustentabilidade e liderança global do Brasil.
● Definição preliminar de atributos e critérios: foram identificados elementos-chave que deverão compor o Índice Ag-Reg, combinando métricas ambientais (solo, água, biodiversidade, carbono) e dimensões sociais e econômicas.
● Mapeamento de oportunidades e barreiras: as dinâmicas em grupo permitiram destacar práticas já disponíveis para adoção em larga escala, bem como os principais entraves, como acesso a dados, capacitação técnica e incentivos econômicos.
● Priorização de estratégias de transição: foram listadas ações concretas para acelerar a mudança, incluindo políticas públicas integradas, linhas de financiamento verde, adoção de tecnologias regenerativas e fortalecimento das redes de apoio técnico aos produtores.
● Engajamento multissetorial: o encontro consolidou a participação de diferentes atores – produtores, empresas, governo, terceiro setor e academia – reforçando o caráter inclusivo e colaborativo do projeto.
Resultados Esperados do Projeto
A partir do workshop, o projeto Ag-Reg seguirá avançando com metas ambiciosas, que visam transformar o índice em um instrumento de impacto nacional e internacional. Entre os resultados esperados estão:
● Construção e validação do Índice Ag-Reg como ferramenta flexível, inclusiva e transparente, adequada ao contexto tropical e capaz de reconhecer múltiplos estágios de transição.
● Criação de uma plataforma integrada de dados, reunindo informações de diferentes fontes para monitorar a evolução da agricultura regenerativa no Brasil.
● Orientação de políticas públicas e mecanismos de incentivo, dando suporte a programas governamentais e instrumentos financeiros baseados em evidências científicas.
● Acesso a crédito e mercados: o índice deverá funcionar como referência para bancos, investidores e compradores, permitindo que produtores e empresas sejam valorizados por práticas regenerativas.
● Protagonismo internacional do Brasil: ao consolidar um modelo robusto de monitoramento da regeneração agrícola tropical, o país terá condições de liderar discussões globais em clima, biodiversidade e segurança alimentar.
Próximos passos Com a conclusão do workshop, a FDC Agroambiental segue liderando a sistematização dos resultados e a construção técnica do Índice Ag-Reg. As próximas etapas incluem o aprofundamento dos indicadores, a validação de metodologias em campo e o desenho da plataforma integrada de dados, que servirá de base para políticas públicas, investimentos privados e certificações de mercado.
Esse esforço posiciona o Brasil não apenas como usuário, mas como protagonista na criação de modelos de agricultura regenerativa tropical, capazes de inspirar e influenciar cadeias produtivas em outros países do Sul Global.