No dia 17 de novembro de 2025, durante a COP 30 no espaço AgriZone, a Rede de Inteligência em Agricultura e Clima (RIAC) promoveu um painel estratégico para falar sobre a agenda de adaptação climática, remoção de carbono e inovação em práticas agrícolas e cooperação sul-sul.
O painel intitulado “O papel da agricultura tropical regenerativa para a agenda climática” foi mediado Daniel Parreiras, Diretor de Programas na Fundação Dom Cabral (FDC), participaram do painel Ludmila Rattis, Pesquisadora da FDC e do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), Talita Pinto, Coordenadora da FGV Agro, Gabriela Mota, Pesquisadora e Professora do Insper Agro Global, Rodrigo Lima, Diretor da Agroicone e Eduardo Bastos, CEO do Instituto Equilíbrio. O painel procurou debater os temas chamando público a contribuir para a discussão.
Daniel começou a fala introduzindo as motivações para criação da RIAC, que surge como uma aliança de alto nível para reposicionar a agricultura tropical no centro da agenda de clima. Daniel informou que para isso a Rede traz três vetores essenciais para a sua existência:
• Produção cientifica de alto nível: gerando estudos científicos com base e coleta e análise de dados é possível gerar conhecimento aprofundado sobre a eficiência das práticas de agricultura tropical.
• Política pública e influência institucional: a rede pretende colocar o Brasil como protagonista global da agricultura como solução ao clima e não apenas como problema.
• Práticas produtivas de campo e inovação tecnológica: ao vincular produção, tecnologia e resiliência, a RIAC promove a ideia de que a agricultura tropical regenerativa é viável, produtiva e sustentável.
Ludmila Rattis, pesquisadora da Fundação Dom Cabral e do Instituto de Pesquisas Ambientais da Amazônia (IPAM) trouxe para o debate um exemplo de como a RIAC já vem atuando através do Modelo de Agricultura Regenerativa Tropical que vem sendo desenvolvido pelo FDC Agroambiental juntamente com outros parceiros. A pesquisadora afirma que através da coleta de dados disponíveis é possível obtermos um delta que é diferença entre a capacidade potencial regenerativa de uma propriedade e o status regenerativo atual dela. “Dessa forma conseguimos tratar a regeneração das propriedades com base nas suas especificidades sem exigir dela aquilo que ela não é capaz de atingir. Isso potencializa a adoção de práticas de agricultura regenerativa, uma vez que, orienta melhor o produtor”, afirma Ludmila.
E qual é o futuro que a RIAC pretende impulsionar? O painel deixou evidente que para dar vazão à crescente demanda de transição para uma agricultura sustentável e de menor emissão as seguintes medidas são imperativas:
• Ampliação de estudos robustos para medir não apenas emissões, mas remoções e serviços ecossistêmicos no agro tropical.
• Fortalecimento de métricas, padrões e governança para práticas regenerativas em larga escala.
• Promoção de colaboração internacional (Sul-Sul) e atração de investimentos para acelerar fermentação de inovação no agro-clima.
• Adoção de tecnologias emergentes aliadas à saudável gestão de solos, biodiversidade e infraestrutura produtiva.
Em suma, o painel da RIAC na AgriZone reafirmou o compromisso de conectar um modelo produtivo tropical com uma agenda climática de impacto. Esse modelo de atuação fortalece o coletivo e posiciona a agricultura brasileira como protagonista na solução para redução das emissões do sul global e para manutenção da segurança alimentar.