COP 30: Pesquisadora da FDC destaca papel da agricultura regenerativa como resposta à crise climática

Belém (PA), 11 de novembro de 2025

A pesquisadora Ludmila Rattis, da Fundação Dom Cabral (FDC) foi uma das participantes do painel “Agricultura Tropical Regenerativa: Uma resposta Brasileira à crise climática e à Segurança Alimentar Global”, realizado na Agrizone da Embrapa, durante a COP30 — Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. O evento reuniu representantes de instituições públicas, privadas e do terceiro setor para discutir o papel do Brasil como referência global em agricultura tropical regenerativa, com foco na integração entre produtividade, conservação ambiental e segurança alimentar.

Durante o painel, Ludmila Rattis trouxe contribuições centrais sobre métricas, paisagens e potencial regenerativo dos territórios brasileiros. A pesquisadora destacou a necessidade de avançar na medição precisa dos impactos ambientais da agricultura: “O que está sendo medido e como medir — pixel a pixel — mitigação e adaptação?” Ela apresentou o conceito de “delta de potencial”, que representa a diferença entre a condição atual e o máximo potencial de regeneração de cada região. Segundo Rattis, cada território possui um caminho próprio de evolução, e estruturar pilares da agricultura regenerativa tropical é essencial para atingir essa potência máxima.

Com base em dados científicos, Ludmila também ressaltou o papel do Cerrado como exemplo de bioma com alto potencial de remoção de carbono. Segundo seus estudos, práticas regenerativas podem remover cerca de 600 kg de carbono por hectare/ano, além de neutralizar emissões de óxido nitroso, tornando o setor agropecuário protagonista da regeneração tropical.

O painel contou ainda com a presença de Alessandra Farjado (CEBDS), Renata Miranda (IICA) e Rodrigo Lima (Agroícone), que abordaram temas como financiamento, certificação, rastreabilidade e a necessidade de regulação do mercado de carbono. Os debatedores convergiram na necessidade de desenvolver métricas e certificações adaptadas à realidade brasileira, incluir pequenos e médios produtores em mecanismos de financiamento e pagamento por serviços ambientais, fortalecer a integração público-privada para destravar investimentos e políticas de apoio, e consolidar um mercado de carbono sólido e transparente.

O painel encerrou com um consenso: o Brasil reúne tecnologia, conhecimento e biodiversidade únicos para liderar a agricultura regenerativa tropical. Em suas palavras finais, Ludmila Rattis reforçou que regenerar é produzir e conservar, sintetizando a visão de uma agricultura capaz de transformar o território brasileiro em agente ativo da solução climática global.