Professores da Fundação Dom Cabral participam de debate sobre soluções para a Amazônia na London Climate Action Week

Durante a London Climate Action Week, realizada no dia 25 de junho de 2025 no Coal Drops Yard, em Londres, a iniciativa brasileira Uma Concertação para Amazônia promoveu o painel “Updating Mindsets: Contemporary Solutions From and For the Real Amazon”. O evento reuniu especialistas, autoridades e lideranças para discutir novos caminhos de desenvolvimento para a Amazônia diante dos desafios contemporâneos em clima, governança e inovação e ainda jogou luz sobre a importância de uma visão atualizada sobre a região, alinhando conservação ambiental com prosperidade econômica e social.

O painel abordou temas centrais para o futuro da Amazônia, como a necessidade de um modelo de desenvolvimento que considere a complexidade ecológica, social e econômica da região, promovendo ao mesmo tempo conservação florestal e oportunidades para os povos locais. Os participantes foram provocados a refletir sobre a imagem real da Amazônia, estratégias de desenvolvimento sustentável e o equilíbrio entre preservação e crescimento econômico. Também foram discutidas as oportunidades estratégicas no caminho até a COP30, que será sediada na Amazônia brasileira.

Entre os destaques do painel estiveram a participação da pesquisadora Ludmila Rattis, da Fundação Dom Cabral, IPAM e Woodwell Climate Research Center, que trouxe contribuições sobre os impactos das mudanças de uso do solo no clima regional, e do professor Marcello Brito, também da FDC e atual secretário executivo do Consórcio da Amazônia Legal, que enfatizou a bioeconomia e a importância do protagonismo dos governos subnacionais. Eles dividiram o palco com figuras como o embaixador André Corrêa do Lago (presidente da COP30), a ministra dos Povos Indígenas Sonia Guajajara, a ex-ministra Izabella Teixeira, e a jovem ativista Thalia Silva. A mediação ficou por conta de Lívia Pagotto, secretária-executiva da iniciativa Uma Concertação pela Amazônia.

Em sua fala, Ludmila Rattis destacou a importância de considerar as particularidades locais ao se tratar de desenvolvimento sustentável, especialmente no contexto da Amazônia. “A literatura científica indica que as iniciativas mais eficazes na proteção da biodiversidade e na mitigação das mudanças climáticas são aquelas que incorporam a governança e os sistemas de organização social locais”, afirmou. Rattis também apontou que a produção baseada em monoculturas e pecuária em propriedades rurais com menos de 100 hectares se mostra insustentável tanto do ponto de vista ambiental quanto econômico. Diante desse cenário, ela defendeu a necessidade de diversificação produtiva e da organização coletiva dos pequenos produtores, como estratégia para enfrentar os desafios logísticos e de escala. A formação de cooperativas locais, segundo a pesquisadora, pode reduzir custos, facilitar o escoamento da produção e alinhar as demandas por infraestrutura com os planos de desenvolvimento sustentável promovidos pelo governo.

Criada em 2019 pela Think Tank E3G (Third Generation Environmentalism) em parceria com a prefeitura de Londres, a London Climate week é hoje um dos maiores espaços de articulações sobre clima no mundo e um dos mais importantes eventos pré COP e mobiliza especialistas, academia, organizações e sociedade civil para debater ações climáticas locais e internacionais.